Quebra de safras pressiona resseguradoras

Quebra de safras pressiona resseguradoras

O mercado brasileiro de resseguros caminha para fechar 2022 com prejuízos elevados, graças à quebra de safras na região Centro-Sul do País no início do ano. Até setembro, as resseguradoras que atuam no País registravam prejuízo líquido de R$ 2,8 bilhões, de acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep).

Ao todo, foram R$ 4,6 bilhões em sinistros apenas nos resseguros rurais no período, de acordo com o regulador de mercado. Diante dos impactos, o mercado fez ajustes nas taxas cobradas das seguradoras e também na exposição de riscos, deixando de assumir determinados contratos ou criando estruturas com prazos maiores, de três anos ao invés de um, por exemplo.

A expectativa é de que essas mudanças comecem a surtir efeito nos próximos meses. 'A intenção é de melhora no resultado, mas é muito cedo para entendermos se os ajustes foram suficientes', diz Fred Knapp, presidente da Swiss Re no Brasil. 'Teve aumento, mas não conseguimos validar se esse ajuste vai ser suficiente para o que é necessário.'

Uma fonte graduada do setor afirma que este cenário se soma ao 'carrego' de 2021, quando chuvas acima da média em Minas Gerais levaram a grandes perdas em apólices no setor de mineração, ao mesmo tempo em que a seca gerou prejuízos em contratos de energia, relacionados aos chamados lucros cessantes, à medida que os reservatórios de grandes usinas secaram.

'O setor de energia é destaque com incremento maior de ajuste de taxa', afirma.

Nos próximos meses, as resseguradoras brasileiras devem lidar com outro fator: o maior endurecimento do mercado externo, que está encarecendo o repasse de riscos a resseguradoras globais, a chamada retrocessão. Esse custo tende a ser repassado às seguradoras, mas há um espaço de tempo entre os dois efeitos.

'Antes, tínhamos ofertas com valores mais altos, mas na hora de fechar, os resseguradores tinham mais flexibilidade para conceder desconto. Hoje, as matrizes estão irredutíveis. Isso pode trazer escassez de capacidade no futuro', diz o diretor de contratos da Gallagher Re, Fernando Tilger.

Se o repasse de fato ocorrer, a perspectiva é de uma melhoria nos resultados operacionais das companhias, que conjugada ao maior rendimento das aplicações financeiras, pode levar a resultados mais positivos no ano que vem.

Fonte: O Estado de São Paulo

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